O Professor Vítor Frade estará no III Congresso de Periodização Táctica® para tirar as tuas dúvidas.
PT:Professor Vítor Frade, pode explicar os Princípios Metodológicos da Periodização Tática®?
Professor Vítor Frade: Claro. O Princípio das Propensões é um termo cunhado por Popper que eu uso, e retiro dele porque as propensões é o contexto estar mais propenso a X do que a Y, porque normalmente as pessoas dizem: “Quero que faça isto ou aquilo”. Não! Eu quero que ele faça dependendo de um determinado contexto. Então, preciso dar origem a um contexto, não aos comportamentos, e isso confunde muito as pessoas. Um é o Princípio das Propensões, devo articular em função de como jogo, defendendo de uma certa forma para atacar de uma determinada forma, por exemplo, estou preocupado com a transição defensiva, e com a transição ofensiva.
Transição, isso é outra confusão, você viu o que as pessoas dizem que é transição? É quando… já estão no ataque, por exemplo, se vai rápido ou não, isso não, isso é uma forma de atacar.
O transitar é passar de um momento para outro, por isso eu digo que uma coisa é o momento e outra coisa é um instante. Então, o que me ajuda a lidar com esses instantes para aproveitar melhor os momentos é o entendimento do jogo e a capacidade de antecipação, isso é mental! Uma transição é passar de uma configuração mental para outra e se for maximalmente qualitativa, é coletiva, isso que é, e em função disto ou daquilo é realizada mais rápido ou mais devagar.
Então, preciso criar condições para que isso seja organizado de forma mais preferencial para que haja uma certa familiaridade com uma determinada lógica. Eu crio um contexto que dá azo isso acontecer, e isso pode resultar em… sei lá, o gajo está distraído, “olha, o gajo está distraído”, então eu preciso intervir individualmente com ele ou porque ele entendeu mal ou porque ele está a pensar em outra coisa, alienando o timing, portanto é um contexto! O comportamento não posso prever e nem é benéfico para você saber o que vai acontecer.
Ele tem é que ser ajustável à… é por isso que fico chocado quando ouço na TV que o treinador tinha um plano de jogo para cansar o adversário para que ele depois aumentar a velocidade. Isso não é futebol, para mim.
Por isso digo que Anatomia, Fisiologia, Antropologia, Sociologia, etc., todas são muito importantes para a licenciatura, mas isoladamente têm importância zero para a especialização futebolística! Ou sou capaz de saber, isolando o objeto de estudo, neste caso o jogo, de saber o quanto cada área contribui… mesmo assim, é complicado. Quantas Psicologias existem hoje em dia? Por exemplo, hoje em dia a Psicologia do Desenvolvimento já não é uma Psicologia por etapas, tenho que saber isso e aproveitar isso para esta realidade, e isso só pode ser alcançado por alguém que esteja interessado em considerá-la, mas acima de tudo, essa pessoa deve conhecer muito sobre futebol. E isso não é fácil.
Então, o Princípio das Propensões é esse, o contexto acontecimental. Estamos aqui. Qual é o contexto? Estamos os dois a conversar, mas não há estragos, não há tiros porque aqui não há mais ninguém, então existem propensões para isso, para não promover mais desvios. Este é o contexto, a propensão para…
Depois o Princípio da Progressão Complexa, porque a Progressão Complexa prende-se, por um lado, com o crescimento da forma de jogar, com a distribuição semanal, com quem vou jogar, com esse cara que entrou na equipa… é complexo por isso, porque a progressão não é linear e envolve diversas coisas! Tem a ver com… olha, estes princípios de jogo foram “solidificados” mas que agora não aparecem com regularidade por 3 ou 4 vezes….e portanto temos…por isso é complexo! É por isso que digo: o fundamental é o padrão de conexões entre tudo isso.
E depois temos o Princípio Metodológico ‘mais pesado’, o Princípio da Alternância Horizontal em Especificidade… ainda mais a top, porque… eu defendo que é um absurdo treinar o que se treina e quanto se treina…se virmos a Alemanha a jogar, só se estivermos contaminados com o que referi anteriormente é que podemos dizer que correm muito. Não, eles param, trocam a bola e o mesmo acontece com a Espanha. Portugal correu mais que Espanha! Então, preciso treinar menos que o normal, meu padrão é de 90 minutos, mais que isso é desnecessário! Mas jogar domingo a domingo é um desperdício se eu não utilizar mais de um dia para treinar, mas só posso fazer isso se tiver a garantia de que estou a treinar de acordo com a minha forma de jogar, mas nem sempre trabalhando o mesmo conteúdo da minha forma de jogar! É disso que se trata a alternância. E isso só é garantido se eu puder, relativamente a um determinado objectivo indiscutível, garantir que estou a nuanciar aqui, e a parar ali, mas nuanciando sempre o mesmo objecto!
Então, o que eu imaginei, se o esforço surge de ter que contrair os músculos, de ter que movê-los, e como há três indicadores que caracterizam a forma como as contrações musculares se expressam. E sendo diverso o modo em relação ao prolongamento da sua manifestação e ao seu cansaço…. então temos que calibrar por aí.
Trata-se de levar ao extremo ou maximizar, digamos assim, num dia um indicador, outro no outro não esse, e no outro, outro. Tendo a garantia…. mas é por isso que fico indignado quando falam em treinar a tensão, não é nada disso. Não é o dia da tensão, não se trata de fazer algo com tensão, e pronto! Porque isso leva as pessoas a ficarem preocupadas com a tensão, então elas fazem algo que envolve tensão, e pronto.
Não! É o dia dos detalhes, dos “pequenos” princípios, das pequenas coisas, dos planos mais micro… no ataque ou na defesa, mas com a garantia de que há um número significativo de contracções excêntricas, portanto, há um aumento de tensão, mas em detalhes do panorama geral do jogo! Preciso me preocupar em dar variabilidade ao treino, em inventar e discorrendo essas situações de jogo, que são para o jogar que me interessa.
Então, eu tenho duas coisas, preciso inventar isso e preciso saber que há um aumento de tensão. Não é o dia da tensão. Senão eu só soltava uma merda, fazia uns skippings, e não é nada disso, é precisamente o contrário! E no dia seguinte, digamos assim, é mais sobre os Macroprincípios, existem outras referências, espaço… mas não necessariamente usando o campo inteiro, mas faz mais sentido que o treino não seja tão intermitente. Mas se eu conseguir incluir alguma intermitência na não intermitência melhor ainda. Isso significa que se eu conseguir fazer quatro ou cinco vezes de 10 minutos em vez de 2 vezes 20 minutos ou 3 vezes 15 minutos, melhor ainda! Porque há intervalos e é isso que garante a lógica. Mas onde eu sou novamente radical, porque repare, eu digo que é preciso treinar muito menos do que se treina, porque a maioria das equipas estão a treinar, a jogar, relativamente cansadas, e eu penso que se pode treinar fresco, porque inteligência não está sempre a evoluir, ela já é grande se for grande, lida é sempre bem com a(s) realidade(s), e o Futebol tem de ser isso! A ideia de ser carga é a que é colocada pela outra lógica. Eu digo na recuperação…. ótimo, eles descansam ou não fazem nada, mas não faz sentido! Então, eu tenho 3 dias e eles vão estar 3 dias de folga? Então, eles vão lá e não fazem “nada”! Ou melhor, continuam a não fazer “nada” pela larga duração dos intervalos que tenho de dar. Mas tenho que fazer actuar sobre (em termos energéticos) o “novelo” bioenergético que está implicado e suporta a adaptabilidade e que está cansado. Então, é só jogar 3v3 e chutar, por exemplo, e parou e depois jogar de novo, mas por muito pouco tempo! Porque o que vai fazer ele descansar ‘não é’ isso, é ele estar descansar daí, os vários intervalos! Então, ele vai lá e treina, mas treina sem treinar, mantendo a estimulação do essencial, mas sem cansar, mas eu só consigo fazer isso se eu descansar direito… as pessoas parecem ter uma tendência a não descansar, e ficam dizendo que “ter 7 intervalos é o mesmo que ter 3!”, ou 3v3 é o mesmo que 6v3, mas 3v3 e 6v6 não são a mesma coisa. O ideal é, na verdade, ir lá treinar ‘sem treinar’! Se você colocar desta forma: “Tenho um jogo de máxima exigência, e a minha equipa só pode jogar outro jogo com máxima exigência em quatro dias”, então por que você pensa nisso de domingo para quarta e não pensa o mesmo de quinta para domingo?! É a mesma coisa! Ou quase igual, porque o jogo exigente e o treino exigente são diferentes.
E quanto a isso, não tenho dúvidas de que só a Periodização Tática, a bem entendida equaciona a questão.
Então, os Princípios Metodológicos centrais são esses, então se quisermos falar de Especificidade é um ‘imperativo categórico’…esses três, para o núcleo metodológico, esses três são suficientes.
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Entrevista completa no Livro:
Professor Vítor Farde will be present in the presential week of our Master, and Pattern Morphocycle – One Week Mentorship, don’t miss!
TP: Professor can you explain Tactical Periodization’s Methodological Principles?
Professor Vítor Frade: Sure. The Principle of Propensities is a term coined by Popper that I use, that I got from Popper because the propensities have to do with the context being more prone to X than to Y, because normally people say, “I want you to do this or that”. No! I want him to do depending on a certain context. So, I need to give birth to a context, not to the behaviours, and that confuses people badly. One is the Principle of Propensities, I must articulate depending on how I play, defending in a certain way to attack in a certain way, for example, I am concerned with the defensive transition, and with the attacking transition.
Transition, that is another confusion, have you seen what people say transition is? It is when…already in attacking, if you are fast or not, no, no, that is a way of attacking. The transition is passing from one moment to the other, so I say the moment is one thing and the instant is another.
So, what helps me deal with those instants to take better advantage of the moments is the understanding of the game and the ability to anticipate, that is psychological! A transition is that it’s switching from a mental configuration to another and if maximally qualitative, it is collective, that’s what it is, and depending on this or that it is performed faster or slower.
So, I need to create conditions for that to be organised more preferentially so that there is a certain familiarity with a certain logic. I create a context that leads towards that happening, and that can result in….I don’t know, the guy is distracted, “look, the guy is distracted”, so I need to intervene individually with him either because he misunderstood it or because he is thinking about something else, alienating the timing, so it’s a context! The behaviour I can’t predict, and it is not even beneficial for you to know what is going to happen. It needs to be adjustable to…that is why I’m shocked when I listen in TV, that the coach had a game plan to tire the Spanish team out so that he could put the speed up. That is not football, for me. That is why I say that Anatomy, Physiology, Anthropology, Sociology, etc., all of them are very important for the degree, but in isolation, they have zero importance for the football specialisation! Or am I capable of knowing, through isolating the object of study, in this case playing, of knowing of much each area contributes? Even doing that, it would be complicated. How many Psychologies exist nowadays? For example, nowadays Developmental Psychology is no longer a stage-like Psychology, I must know that and use that or this reality, and that can only be achieved by someone that is keen on considering it, but above all, that person must know a lot about Football. And that is not easy. So, the Principle of Propensities is that, the eventual context. We are here. What is the context? We are both talking, but there is no damage, there is no shooting because there is no-one else here, so propensities exist for this, not to promote further deviation. This is the context, the propensity for…
Then there is the Principle of Complex Progression, because the Complex Progression relates, on the one hand, with the growth of the way of playing, with the weekly distribution, with who I am going to play, with this guy that entered the team…it is complex because progression is not linear and involves several things! It has to do with these principles that were “solidified” but now fail to appear with regularity for 3 or 4 times….and therefore we have…that is why it is complex! That is why I say: the fundamental is the pattern of connections between all of this.
And then we have the ‘heaviest’ Methodological Principle, the Principle of Horizontal Alternation in Specificity…even more at the top level, because…I defend that it is absurd to train what is trained and how much it is trained…if we see Germany playing, only if we are contaminated by what I referred earlier can we say that they run a lot? No, they stop, exchange the ball, and the same with Spain. Portugal ran more than Spain! So, I need to train less than usual, my pattern is 90 minutes, more than that is unnecessary! But playing every Sunday, it is a waste if I don’t use more than one day for training, but I can only do that if I have the guarantee that I am training in accordance to my way of playing, but not always working on the same contents of my way of playing! That is what alternation is about. And that is only guaranteed if I can, relative to a certain objective that is non-discussable, ensure that I am trimming here, and trimming there, but always trimming the same object!
So, what did I imagine, if the effort arises from having to contract muscles, having to move them, three indicators characterise the way muscular contractions are expressed. And it is also different the way in which the extension of its expression or of its fatigue…. then we must work on calibration there. It is about bringing to the extreme or maximising, let’s put it this way, one indicator on one day, the other on another day, and so forth. Having the guarantee…. but that is why I feel outraged when people talk about training the tension, it’s nothing like that. It is not the day of tension, it’s not about doing something with tension, and that’s it! Because that leads people to become concerned about tension, so they do something that involves tension, and that’s it done.
No! It’s the day of details, of “small” principles, small things, the micro-levels and all that…in attack or in defence, but with the guarantee that there is a significant number of eccentric contractions, so, there is an increase in tension, but in details of the bigger picture of playing! I need to be concerned with providing variability to my sessions, inventing and going through those game situations, that are what I care about regarding my desired way of playing. So, I have two things, I need to invent that, and I need to know that there is increased tension. It is not the day of tension. Otherwise I would just put some shit out, doing some leg skipping, and it is nothing like that, it’s precisely the opposite! And the next day, let’s say it’s more about the Macro-principles, there are other references, space… but not necessarily using the full pitch, but it makes more sense that the training is not so intermittent. But if I manage to include some intermittence in the non-intermittence even better. This means, that if I am able to do four or five 10-minute times instead of 2 times 20 minutes or 3 times 15 minutes, that’s even better! Because there are breaks and that is what ensures the logic. But where I am again radical, because look, I say that we need to train much less than people usually train, because most teams are training, playing, relatively fatigued, and I think that you can train to be fresh, because intelligence is not always evolving, it is already great if it is great, it always deals well with the reality(ies), and Football must be that! The idea of equalling load is the one placed by the other logic. I say that in recovery…. great, they rest or they do nothing, but it doesn’t make sense! So, I have 3 days and they will be 3 days off? Then, they will go there and do ‘nothing’! Or even better, they will keep doing ‘nothing’ due to the length of breaks that I need to provide. But I need to act over (in energetic terms) the bioenergetic ‘wool-ball’ that is involved there and that supports the adaptability, and it is tired. So, it’s only about playing 3v3 and shooting for example and they stopped, and then they play again but for a very short time only! Because, what will make him rest ‘is not’ that, it’s about resting from there, the different breaks! So, he goes there and trains, but trains without training, keeping the stimulation of the essential, but without getting tired, but I can only do that if I rest properly…people seem to have a tendency not to rest, and they keep saying that “having 7 breaks is the same as having 3!”, or 3v3 is the same as 6v3, but 3v3 and 6v6 are not the same things. The ideal is, in reality, going there to train ‘without training’! If you put it this way: “I have a match with maximum demand, and my team can only play another maximum demand match in four days”, then why you think about it from Sunday to Wednesday and don’t think the same from Thursday to Sunday?! It’s the same! Or almost the same, because the demanding match and demanding training are different.
And regarding that, I have no doubts that only Tactical Periodization, well-understood Tactical Periodization, solves the issue.
So, the core Methodological Principles are these, then if we want to talk about Specificity it is a ‘categorical imperative’…these three, for the methodological core, these three are enough.
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Professor Vítor Frade Creator and Methodological Coordinator of Tactical Periodisation by Vítor Frade®. He created this training methodology that emerged approximately 40 years ago.
Keywords: PATTERN MORPHOCYCLE; FOOTBALL/SOCCER; TACTICAL PERIODIZATION®; TRAINING SESSION; EXERCISE.
Full interview in:
